A BBC Brasil publicou uma reportagem sobre um estudo inédito realizado por três pesquisadores brasileiros, da USP, e estampado na revista Drugs and Alcohol Dependence. A conclusão é que, ao contrário do que se pensa, o uso de maconha não serve para atenuar a “fissura” por cocaína e crack. Fumar maconha pode piorar a dependência, aumentando a chance de recaídas, e também lesar o sistema cognitivo.
“Acompanhando o histórico de 123 pessoas em etapas de um, três e seis meses — 63 dependentes de cocaína e usuários recreativos de maconha; 24 dependentes de cocaína, apenas; e 36 voluntários saudáveis, sem histórico de uso de drogas, compondo um grupo controle —, os autores afirmam praticamente ‘descartar’ o uso da maconha fumada como estratégia de tratamento para dependentes de cocaína.”
O que ocorreu durante esse tempo?
“Um mês após a alta, mantiveram a abstinência 77% dos dependentes de cocaína que também fumavam maconha; após três meses, 35%; seis meses, 19%. Já no grupo de dependentes de cocaína que não fizeram uso de maconha, 70% mantiveram a abstinência após um mês de alta; três meses depois, o percentual foi de 44%; e seis meses, 24%.”
Em relação ao grupo de controle, os grupos de dependentes tiveram resultado muito pior em testes de cognição. Mas isso não é exatamente uma novidade. “Para os autores, apesar de focado em dependentes em cocaína, o estudo traz indicações sobre os efeitos da maconha fumada para um público mais geral.”
“A maconha é a droga conhecida que tem maior poder para desencadear sintomas psicóticos. Isso é bastante consolidado. E linhagens de maconha com mais THC estão mais associadas a sintomas — é uma relação praticamente estatística”, disse Hercílio Pereira de Oliveira Júnior, um dos autores do estudo, à BBC Brasil.
Em resumo, maconha faz mal, não importa o que afirmam os apologistas da erva.