A resposta a esta pergunta é que pode custar muito, muito, muito. Este artigo pretende explicar.
Naamá Issaschar é uma jovem de 24 anos de idade, nascida nos USA e que imigrou para Israel aos 16 anos. Aos 18 anos se alistou e serviu no exército de Israel. Cerca de dois anos após o serviço militar, como é tradição em Israel, saiu em passeio de “mochileira” mundo afora, com as economias conquistadas em pouco mais de um ano de trabalho.
Naamá, tal como muitos de sua faixa etária, acha que fumar maconha é um “direito individual” e faz uso da mesma – mesmo sabendo ser ilegal em muitos lugares do mundo. Sua última etapa de viagem foram alguns meses na Índia, onde a maconha é ilegal – mas como no Brasil, facilmente encontrável. Naamá seguiu usando. Ao preparar sua mala para a viagem de volta, propositalmente ou não, não ficou claro, Naamá levou 9 gramas de maconha. Ela comprou uma passagem bastante barata: India-Russia-Israel. Sua estada na Rússia seria de poucas horas, apenas para troca de avião.
As autoridades Russas, por motivo de segurança, checam toda a bagagem e encontraram em sua mala 9 gramas de maconha – quantidade ínfima mas criminosa, segundo as leis Russas. Levada a interrogatório, sem entender a língua, ela abanou a cabeça quando lhe perguntaram algo. A pergunta era: Você está levando a maconha para vender? A resposta a enquadrou como traficante internacional e Naamá foi condenada a 7 ½ anos de prisão. Ela apelou e em todas as instâncias perdeu sua apelação.
O governo de Israel julgou a pena desproporcional e tentou intervir. Ocorre que dias antes Israel havia prendido, em seu aeroporto Alexey Burkov, um cidadão Russo que havia aplicado golpes cibernéticos de milhões de dólares, roubados de pessoas nos USA. A Interpol havia pedido a extradição de Burkov para ser julgado nos USA e a Russia propôs a troca de Naamá por Burkov. A corte de justiça de Israel não concordou – Burkov é um estelionatário internacional de altíssima periculosodide. Naamá se transformou na ferramenta de vingança. Foi transferida para uma prisão a milhares de km de Moscou, impedindo a visita de seus familiares e de seu advogado. O caso vem se arrastando desde Abril/2019.
Em Janeiro de 2020 o Presidente Putin visitou Israel e concordou em libertar Naamá desde que Israel cumprisse com as seguintes condições:
1. Devolver à Russia a soberania sobre o conjuntos de edifícios chamado de Quintal Russo, em Jerusalém. Estes edifícios foram comprados por Israel ao governo Russo em 1963 por 4,5 Milhões de Dólares da época (Cerca de 38 milhões de dólares hoje). Putin exigiu e conseguiu que Israel “revenda”o complexo pelos mesmo 4,5 Milhões de dólares, transferindo a soberania daquela área de Jersusalém ao Governo Russo!
2. Putin exige que Israel faça declarações de elogio ao desempenho do Exército Vermelho na luta contra o Nazismo na Polônia. Este assunto é controverso porque a Polônia acusa o Exército Vermelho de crimes contra seu país e a declaração de Netaniahu colocará Israel em confronto com a Polônia
3. Putin também exige que Israel seja “mais condescendente” com a entrada de Russos em Israel. Israel sofre um imenso fluxo de imigrantes ilegais provenientes da Russia em função de seu mercado de trabalho que remunera muito bem.
4. Apesar de não haver confirmação oficial, por se tratar de assunto militar, há vozes dizendo que Putin quer que Israel reduza sua ação de defesa nas lutas contra os Iranianos em solo Sírio bem como num “gesto humanitário” liberte Sírios prisioneiros em Israel por atos de terrorismo e sabotagem.
Todo este “imbróglio” ocorre por 9 gramas de maconha. É evidente que esta quantidade não pode ser considerada tráfico internacional. Ao mesmo tempo, é uma transgressão às leis tanto da Índia como da Russia e de Israel.
Criou-se imensa expectativa pela libertação de Naamá Issaschar e – se e quando libertada – chegará a Israel e provavelmente será transformada em herói pela mídia, em função de seu sofrimento. Ainda que eu concorde que a pena foi desproporcional, não a vejo como herói nem como mártir – mas como uma transgressora que recebeu uma pena – realmente exagerada – mas merecida.
Talvez agora se saiba quanto custam 9 gramas de maconha.